A minha Ignorância não tem limite!

 

“- Música clássica, gostas?
– Claro que gosto.
– Porquê?
– Olha, Porque é bonita, é melodiosa, é relaxante, sabe bem ouvi-la.”

Foram tantas as vezes que já ouvi respostas destas e foram tantas as vezes em que eu respondi assim também…

Mas música é música. Se é clássica ou contemporânea pouco importa, para mim. O que realmente importa é o que eu sinto, o que eu penso e o que melhora dentro de mim quando oiço uma que me encanta. E isso acontece-me com qualquer tipo de música. Dou como exemplo a comoção que me assola quando assisto a um verdadeiro Vira Minhoto, tocado, cantado e dançado… desde pequena que fico comovida, ou então o efeito que provoca em mim uma música específica dos Metallica, situada no lado completamente oposto no que diz respeito a género musical.

Recentemente, alguém especial não se satisfez com a minha resposta muito genérica sobre o que eu achava da música clássica. Mostrou-me algumas, que só podem ter sido estrategicamente escolhidas, e abriu-me assim caminho para eu ir explorando e conhecendo outras.
Não me vou esquecer nunca o que senti quando ouvi, pela primeira vez – auriculares nos ouvidos e som no máximo – o 5. Mandamento da 6. Sinfonia de Beethoven. Eu sei que é Andamento que se chama, começou por ser um engano meu, mas a verdade é que aquilo é de uma beleza tal que estou certa que nenhum potencial assassino mataria alguém se ouvisse este “5. Mandamento” duas vezes por dia, à laia de tratamento e o “Não matarás” seria muito mais cumprido…
Aquilo mexeu mesmo dentro de mim, aperta o coração, provoca vertigens no estômago e as minhas entranhas contraíram-se numa desordem total ao ritmo dos instrumentos e melodias. Comparável a uma viagem de avião a atravessar uma tempestade com muita turbulência. E não era nada triste, pelo contrário, exultava até alegria. Que coisa estranha… como é que eu nunca tinha ouvido isto? Como é que tal coisa me passou despercebida durante toda a minha vida?
“Play, play, play and replay again.”
Cada vez que ouvia conseguia descobrir pequenas coisas diferentes. Meu Deus, que bonito é!
Explorei essa 6. Sinfonia de trás para a frente. Mais conhecida pela Pastoral. Faz parte das Sinfonias românticas de Beethoven. Não tem história com princípio meio e fim, mas fala da natureza, campo, riachos, temporais e de bonança após uma tempestade (o tal 5. Mandamento/Andamento). Como é fácil imaginar animais, prados de flores, campos de trigo, abelhas, borboletas quando se ouve os primeiros três Andamentos! Numa parte específica, consigo ver até um batalhão de formigas a saírem debaixo de um tronco de árvore carcomido e podre, juro que vejo! Consigo vislumbrar um coelho a fugir de uma raposa, consigo perceber o voo rasante de uma ave de rapina a cobiçar também o infeliz coelhinho…
Está tudo lá, sem nada lá ter! O que se sente mesmo é a liberdade para dar asas à nossa imaginação.
E repentinamente cai-nos em cima o 4. Andamento: a Tempestade. Assusta, sobressalta, por vezes parece que tudo acabou e lá vem mais um relâmpago e o seu trovão. Os animais já não fazem barulho, desapareceram da vista e do ouvido, ficam escondidos… à espera da bonança do 5. Andamento que chega, cautelosamente, para nos maravilhar e fazer perceber que as tormentas, tal como as que temos na nossa vida, não duram para sempre e nem sempre são más, pois podem ajudar-nos a deixar para trás das costas o que não interessa e o que alimentava a força negativa dessa tempestade.
E depois tudo se recompõe, tudo fica no seu lugar, e tem-se pena quando chega o final.

Mas nem pensem que é tudo assim preto no branco, na música clássica. Tem que se descobrir qual é o ou os intérpretes com quem mais nos identificamos. A mesma música varia muito, com os músicos e com os Maestros. Suponho que seja natural, a sensibilidade não é igual para todos e até deve depender dos estados de espírito de quem toca e de quem ouve.

Eu fiquei viciada e a Vodafone agradeceu a renovação estonteante dos meus dados móveis, sem precedentes, com certeza! Tudo tem os seus contras…

Publicado por cristina sottomayor

Tudo o que eu escrevo aqui é um misto de vivências minhas e pura ficção. Mas mesmo na ficção, não consigo deixar de ser inspirada por momentos bons ou maus que vivi ou vi acontecerem à minha volta.

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