Pode ser uma coisa terrível, esse espírito santo de orelha. Há pessoas que acreditam nele piamente, à descarada. São as pobres de espírito.
Há outras que dizem que não, que não andam às ordens desse espírito santo de orelha mas a verdade é que acabam por fazer o que ele lhes aconselha, não vá o Diabo tecê-las… são as covardes.
Outra espécie de gente há que jura que as decisões que tomam são exclusivas delas e nem percebem que são as mais influenciadas por esse falso amigalhaço do espírito santo de orelha. Estas últimas são aquelas que emprenham pelos ouvidos e jamais reparam que são manipuladas. São as ingénuas.
E depois há as daquela rara espécie que são inteligentes e sabem pensar por elas próprias, depois de avaliarem e estudarem bem as situações para as quais precisam de tomar alguma posição definitiva. Estas pessoas raras, que riscam as opiniões do espírito santo de orelha, são suficientemente maduras para saberem que têm de fazer ouvidos moucos a esses “especialistas do tudo e do nada”. Estas pessoas sabem olhar para as coisas muito para além do que elas aparentam. Sabem que é preciso paciência para obter as melhores coisas. Conseguem perceber o que não lhes foi explicado, mas que é de muita importância. São, para além de inteligentes, intuitivas e assertivas com elas e com os outros. Não são pessimistas, não desistem por dá cá aquela palha. Têm o dom de distinguir a verdade da mentira e da simulação hipócrita. Percebem que a simplicidade pode ser rainha na sua vida, pode significar muitos degraus ultrapassados na escalada para a plenitude. Gostam de crescer e de se tornarem melhores pessoas.
Uma espécie em extinção, não haja dúvida, estas personalidades e inteligências com capacidade para pensarem por elas próprias, simples… sem espinhas!