-Rebenta coração, rebenta!
Fosse assim como que não possas pensar mais. Não queiras recordar mais e não mais te deixes abraçar naquelas coisas que te perderam. Na gentileza, na comunhão, nos planos e até nos defeitos. Ninguém é assim nunca tão pleno de querer, tão pronto de nos preencher. Ninguém se deixa preencher de nós também. Ninguém é assim tão pouco egoísta. Ninguém é tão leal para nós. Ninguém dá nunca assim tanto, não pode, não consegue, porque a mundanidade não deixa. Só pode fingir que pode, ou pensar que pode.
-Cala-te cabeça minha! Estou cansada de te ouvir… deixa o coração em paz, deixa-o perder-se assim, deixa-o estar desamparado, deixa-o fazer o seu luto, para depois se combinar de novo! Outra vez na alegria de pertencer só a quem o quer, só de quem gosta e só de quem o faz crescer, só mesmo de quem lhe satisfaz a curiosidade, a vontade de perceber, melhorar e saborear a vida. Cala-te para aí, cabeça minha, não percebes nada disto, não sabes o que vale uma palavra muito menos o que valem milhares delas! Deixa passar o tempo, esse que sabe o que precisa de ser remendado. Esse que equilibra a vida…. Esse que faz parte da vida e não precisa de paciência, ele é a paciência!
Cala-te cabeça! Não sabes tu que há muitas palavras? Palavras vãs, como agora são as tuas?
Palavras sãs, palavras doces, palavras gratas, palavras perdidas?
Não percebes nada de corações, oh cabeça cheia de razões que para nada servem agora. Cala-te e dá a tua palavra, a palavra que abraça e fica à espera de melhores tempos. A palavra que é paciente. A palavra calada mas que reconforta. O diálogo tácito, uno.
Já não dizes mais nada, minha cabeça? Calaste-te?
-Calei-me, sim… não sei que dizer… Palavra de honra!