-“Cristina, ainda não me cheiraste, hoje…” – diz a Rita, aquela pessoazinha de apenas quatro anos de idade.
“-Pois não, mas vou fazê-lo agora, posso?”
“-Podes!” – e começou o nosso ritual: ela aproxima-se, com uma expressão sempre séria, vira-se de costas, encosta-se a mim e com as suas pequenas mãos levanta o melhor que consegue o seu cabelo preto atrás no pescoço. E fica à espera que eu lhe cheire a nuca, sítio que ela sabe ser o meu preferido…
“-Huuum, que cheirinho tão bom que eu estou a sentir… uma verdadeira delícia, digo-lhe eu.
Então, a Rita baixa os braços, soltando os cabelos, como quem acha que já foi suficiente e virando-se de frente para mim, olhos lânguidos, fica à espera do que eu sempre digo a seguir:
“-Se eu pudesse, metia este cheirinho tão bom dentro de um frasquinho de vidro e fechava-o muito bem fechadinho. Quando sentisse saudades da Rita, ía buscar o frasquinho, abria só um bocadinho a tampa, cheirava o cheirinho da Rita e voltava a fechar rápidamente outra vez o frasco para não se perder nada!”
E a Rita já sorri, adora este nosso ritual, depois do banho tomado e cabelo seco com o secador.
A seguir, é a vez da Inês. Também adora…