Este conto é inspirado na infeliz história de vida que nos foi contada a mim e ao meu irmão Miguel em noite de Feiras Novas, no Largo da Havaneza, por um velhinho que dançava o Vira magistralmente, quase sem se mexer… quando trabalhava no Brasil, tinha enviado uma carta à namorada – que perdeu para …
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“A porcaria que faz a opinião de quem nada sabe”
via “A porcaria que faz a opinião de quem nada sabe”
O Pirata
Passou-se o que eu vou contar, numa Terça-feira. Tenho a certeza disso porque era o meu dia de folga, o meu dia de descanso. Logo pela manhã, bem cedo, comecei a ouvir alguém a assobiar. Era um assobio diferente dos habituais, intercalado com um berro ininteligível que me soava a qualquer coisa que terminava em “ata”. …
O Bicho
Era uma vez um bicho. Nasceu numa família de monstros, daqueles muito feios, maus e que gostavam de assustar meninos… Era um bicho muito bonito, um olho era azul e o outro era verde. A sua boca era vermelha e sorridente. Não tinha nariz, porque os monstros têm sempre alguma coisa diferente de nós, os …
O Adamastor e a Boa Esperança
O meu coração dói-me. O meu coração está triste e eu não sei como o hei-de consolar. O meu coração perdeu esperança e agora sente-se atordoado. O meu coração até parece que não é meu, não liga nada ao que eu lhe digo, ao muito que eu lhe peço e já não me obedece. Como …
A minha Igreja.
A minha Igreja é mais bonita do que a tua. Porque eu gosto mais dela. Ela dá-me abrigo, na justa medida em que preciso dele. Chora comigo, abraça-me e conforta-me, sempre. A minha Igreja é melhor do que a tua, porque é minha. Gosto de a saber lá, à minha espera… até que eu …
A Torneirinha – oitava e última parte.
A tal vida macaca estava a ficar cada vez mais longe. Já mais de um ano se passara desde que Dionísio tinha sido salvo da má família. E ainda um pouco mais do que isso, desde que Bernardino tinha partido lá para o céu… Agora, Dionísio já com 11 anos feitos, tinha uma caixa …
A Torneirinha – sétima parte
O que fazer? Como ajudar o Dionísio? Não conseguiam entrar no quarto pois a janela só abria por dentro. Nem sequer podiam fazer barulho, pois podia alguém ouvi-los… Torneirinha, decidida, empurrou Zé Bento para trás e ajoelhando-se mandou-o subir até lá cima usando as suas costas como trampolim. A seguir deixou-se ajudar por ele …
A Torneirinha – sexta parte
Torneirinha estava cada vez mais integrada na família para quem trabalhava. Eram exigentes, mas ao mesmo tempo respeitadores de todo o pessoal doméstico e com um sentido de justiça cristão, caridoso e altruísta. Os seus filhos, contrariamente ao que estava instituído na altura, eram educados na convicção que todos os criados à sua volta …
A Torneirinha – quinta parte
Que tristes foram os dias que se seguiram para a Torneirinha… De volta ao seu trabalho, andava cabisbaixa e muito calada. Fazia, como sempre o fez, o seu trabalho da melhor maneira que era capaz. Levantava-se ainda mais cedo, para deixar tudo o que podia adiantado para quando voltasse da Carqueja. Pelo meio da …